Cântico de Hu Musashi
De: Henrique Musashi Ribeiro
Nestas horas atoa
Onde passo inevitável divagar amplexos e saudades
Em que me deito e escrevo
Lembro, sinto e quase posso sentir o cheiro
daquela moça que não vejo mais
Onde sua paixão me aninhava entre seus seios
Donde tirava novos versos e enfatizava sonhos
Onde me animava por escutar me chamar de algo seu...
Quando com ela são meus olhos que a encabulavam,
Mas quando ela não estava,
Estava nela o que via
que atiçavam a minha ansiedade e imaginação
Queria ir pra nossa casa - que levá-la comigo agora
Queria arrebatá-la em um segundo para minha sala
E roubar todos os beijos de tua boca
como no tempo que podia apertá-la contra o meu peito
E olhar-lhe o rosto lavado
E ver seus olhos pedirem por mais
Enquanto declarava apreciar todas as coisas
que haviam em sua escultural beleza,
Mesmo aquelas não ela não gostava,
Mas como não render-me a tal princesa?
Pois que aos meus olhos e paladar
Ele é viçosa e perfumada
- ela é a mais bela rosa
Minha amada é o coração de minha casa
Ela é a música que os céus me deram para cantar
Ela é a musica que entôo e afino no realçar de minha felicidade
Minha amada é a música elegante e sutil
Que excita suave e delicada o brotar de meus devaneios.
Os cabelos de minha senhora são como o véu
que cobre o templo de seus pensamentos mais fecundos - a poesia escondida
Os seus olhos são duas turmalinas
que enfeitam parcamente a sua face linda e branca - donde me observa quando me encontro despercebido
Sua boca são como duas almofadas
onde descanso minha vontade e canso meus lábios - e me faz suspirar
Seus braços são laços de fita
que me envolvem e me fazem esquecer tempo e espaço - o seu abraço
As suas costas são como o tronco de uma macieira,
mas que a textura é como a de um pêssego maduro apetitoso ao paladar,
neste lindo tronco me agarro e às vezes mordo,
mas por hora não subo - ainda não colherei maçãs...
Seus seios são dunas gêmeas a beira de um oásis
onde brota a água mais limpa no meio do deserto - para minha sede
E o teu ventre é este deserto de areia tão branca e fina,
que mais parece um grande tapete de veludo branco,
onde um dia me deitarei e dormirei,
E neste deserto plantarei tesouros - nossos pequeninos tesouros
Poderia falar infatigável de cada centímetro
deste teu belo templo que a cada lance de olhar me encanto
Bem sei o quão és formosa,
mas não é por isso que sou contigo.