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domingo, 2 de agosto de 2009

O SENHOR DAS MÁSCARAS

O SENHOR DAS MÁSCARAS
Texto de: Henrique Musashi Ribeiro - Em, 1/12/2001.


O Senhor das Máscaras, considerado por muitos como fidalgo e irrepreensível homem de grande respeito e caráter ilibado, embora fosse um homem que nunca se tinha visto o verdadeiro rosto, pois trazia consigo uma sacola de veludo vermelho repleta de máscaras de fino trato. Ele mudava as máscaras estrategicamente, trocava de acordo com a conversa e companhia.
A burguesia achava aquilo muito chic:
- "Ele deve ser muito rico... Tem uma cara... digo, máscara para cada ocasião."
Quando em companhia do ‘Senhor da Guerra’, botava sua ‘Máscara de Samurai’ e falava durante horas de guerras e bravatas, que nunca havia travado.
Com o ‘Príncipe da Paz’, botava sua mascara de ‘Apóstolo Devoto’, dizia ter devoção ao amor e era inimigo da violência. Já diante dos ‘Senhores da Poesia Realista’, censurava os românticos e dizia que a paz e o amor era uma tola utopia e que a guerra era para os vândalos e burros. E assim ia de mesa em mesa.  
Gabava-se ao seu discípulo, qual ele nem se esforçava lembrar o nome:
- “Garoto, está vendo como sou querido?” Dizia ao rapaz silencioso e de olhos arregalados – “E quem sabe um dia você também consiga ser como eu.”
Parolando, mentindo, bajulando dizendo o que as pessoas gostariam de ouvir. Essa era a receita daquele suposto lorde. Dessa forma ele percorreria, ileso, por entre as fileiras de tantas cabeças e partidos diferentes. E dizia a seu jovem discípulo:
- “Agradando a todos... É assim que se logra  pessoas e o mundo.”
Mas qual era a verdadeira personalidade do Senhor das Máscaras? Ninguém sabia a resposta para esta questão
Um dia fora anunciado ‘o grande debate das confrarias’, onde o grupo vencedor receberia todas as honrarias, no período de 1 ano, em todos os reinos. Aquilo se podia dizer que era o acontecimento mais esperado por todos. As pessoas já olhavam os cartazes e já imaginavam a roupa nova que iriam fazer para aquela ocasião que ocorreria em uma semana.
Como previsto o Lorde Mascarado, fora convidado, em momentos diferentes, como padrinho e ‘grande apoiador’ de cada uma daquelas confrarias. Ele, muito cheio de pernas e cego pela vaidade, disse a cada um dos representantes, que estava muito honrado pelo convite e que defenderia a causa com toda força de seu intelecto.
Quando se deu conta do que havia feito, que não poderia se comprometer com todas as causas, pois todas eram rivais. E agora o que faria?
A semana passou rápida e chegando o grande dia já estavam à mesma mesa os ‘Poetas realistas’, o ‘Príncipe da Paz’ e o ‘Senhor da Guerra’. E cada um dos temidos senhores do mundo contava, em particular, com a refinada colaboração do Mascarado, para ganhar o maior de todos os debates.
E agora o que o Senhor das Máscaras faria?
Tão empolgado e envaidecido com tantas honras, ele se esqueceu que só poderia usar uma máscara de cada vez. E agora? 
O Senhor das Mascaras simplesmente não compareceu. E sendo descoberto o seu plano de popularidade, foi dado como um covarde e mentiroso em todos os reinos, que, sem saber, haviam convidado o mesmo homem para apadrinhar suas causas.
Depois de percebida a sua covardia e falsidade. O Lorde escondera todas suas máscaras e dessa forma não pode nunca mais em sua vida e em nenhum reino mostrar qual era a sua "cara".
O único que realmente viu a sua verdadeira face fora o seu discípulo quando o desmascarou:
- "Não és um mestre e nem coisa alguma. És apenas mais um dos piores alunos da vida, pois que ainda não aprendeste dela uma de suas mais simples e importantes lições. Só tinha que ser autêntico, só bastava tu ser tu mesmo, mas acho que nem tu mesmo sabes quem tu és." 
- "Ousas falar assim comigo?" Retrucou o mascarado.
- "Cala-te, pois não passa de um coitado.." Disse seu discípulo antes de virar-lhes as costas e o abandonar.
E por final, orgulhoso, colocou a sua última máscara, que daí por diante o acompanhou até o fim de sua vida, a máscara de Palhaço Solitário e Triste.  

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